Desde o nascimento da neta Chloé que ela passou a ser a “vóvó”, até então sempre tinha sido “mãezinha”. Falo-vos da D. Joquina Vieira (minha mãe). Uma mulher de quem o marido a rir dizia: “A vossa mãe é do Sporting, porque ela já parece um leão”. A Vovo tem muitas historias engraçadas, para as contar precisava não de um “post” mas de um livro. O que sempre nos espantou nesta mulher era a capacidade que ela tinha para se “”desenvencilhar” . Para ela nem a lingua chega a ser uma barreira!

Quando nos sentamos com a Vovo num carro, percebemos que a paixão dela não é a cozinha mas sim os carros (aliás, uma suspeita já nos vem quando ela diz a palavra “Peugeot”… ).

Lembro-me de uma vez,  era eu pequena, o Sr. Ramos, mecânico de automoveis, e o Sr. Amaral, mecânico de peças, (a Vovo sempre gostou de deixar claro esta diferença entre as duas profissões), estarem juntos a verificar o automovel de um vizinho que estava com uns problemas. Eu estava na varanda a admirar a cena, um entra e sai debaixo do carro, quando a Vovo vai à varanda e do alto de um 3.andar faz o diagnostico: “Isso é um problema no motor.”

-“Como é que sabe, mãezinha?”-perguntei eu, que ja tinha visto aqueles homens a entrarem e a sairem debaixo do carro umas 5 vezes.

-“Porque sei.- ela nunca gostou de explicar os porquês, ela sabe e nós temos de aceitar, é uma espécie de “Joaquinocracia”.

Dai a um instante já lá estava ela, juntamente com os outros mecânicos, a procurarem a solução para o problema. Os espectadores na varanda do 3.andar aumentaram, o meu pai e Quim-jo juntaram-se a mim. -“Paizinho, a mãezinha diz que é o motor.” – Fui esclarecendo, desta maneira, os dois novos espectadores. -“Então deve mesmo ser o motor.” – ele confiava 100% no prognostico da mulher dele.

Quando ela voltou para casa disse: -“Era o motor. Vai-lhe ficar caro a peça…” -Mais uma vez ela tinha razão! Era o motor! Bolas, ela era mesmo boa! Até que a peça ia ser cara ela já sabia!

Quando o Quim-jo tirou a carta, ela é que era a “mecânica” do Fiat do Quim-jo. Comigo a mesma coisa. Verificação do nivel do óleo, água na bateria, pastilhas dos travões, tudo! Até nos meus problemas de embraiagem e mudanças ela me dizia como tinha que fazer! Uma vez iamos no carro e diz-me ela, “Quando fores a subir o morro, não te esqueças é sempre a primeira.” – “Oh mãe, aqui não há morros! Isso era lá em Angola.” – “Tá bem, morro ou colinas é a mesma coisa, tens é que por o carro em primeira para ter mais força senão ele não vai lá”.- E assim aprendi que o Twingo nos morros ou colinas de Lisboa, tinha que estar em primeira, senão não ia lá.

Na sexta-feira passada a Vovo surpreende-me de novo. Desta vez já aqui em Zurique. Uma cidade que ela não conhece. Estava eu a tentar a fugir do transito na Bellevue, quando a Vovo me começa a dar dicas sobre os melhores caminhos para ir para casa. Mas como é que esta mulher, acabada de chegar a 2 dias de Portugal, nunca tendo passado por ali, me estava a dar dicas das ruas?! Claro que não fiz nada do que ela me disse, e mais tarde até rimos todos da situação com ela sempre a dizer: “-Olha, não quiseste acreditar andaste ali as voltas…”

Afinal o mistério está explicado. A Vovo tem uma escola de condução aqui perto de Zurique. Ninguém sabia. Ontem de manhã, por acaso, o Serge descobriu e tirou esta foto para provar. Aqui está a “Escola de Condução Vovo”!

Ou então alguém tem uma Vovo como a nossa… o que também pode ser verdade, porque como diz o ditado popular as boas coisas sempre vêm aos pares 😉

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