Imaginem a cena. Estou eu deitada na mesa da sala de operações, já com aquelas roupas verdes vestidas, tudo prontinho para o que der e para o que vier, quando o meu anestesista aproxima a cara dele a uns escassos 10 cm da minha e me pergunta :

« De onde é que você vem ? »

« De Portugal. »

« Portugal ?! – diz ele indignado – « Olhe que você não parece nada portuguesa, é muito escura para portuguesa. »

« A serio ?!?!?!– perguntei eu perplexa- « Escura ? Como assim escura ? Eu não era desta cor ! Vai ver são dos medicamentos que me deram la em cima no quarto ! »

(Estive perto, perto, perto de dar esta resposta mas o tipo era o meu anestesista… e se ele não tivesse sentido de humor ?… Os tipos não têm a faca mas têm o queijo na mão, e neste caso o queijo era a minha capacidade de voltar a acordar…)

« Ah, há portugueses de todas as cores e também tamanhos… » – respondi eu com um sorriso nos lábios – « Mas eu nasci em Angola. Sou de origens africanas. »– acrescentei, mas desta vez com um ar mais sério salvaguardando o meu queijo.

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